E finalmente vamos aos filmes do Universo Cinematográfico da Marvel falando do Homem-Aranha em nossa maratona de Sem Volta Para Casa, começando com a crítica dos filmes de Tom Holland em “Homem-Aranha: De Volta ao Lar”. Terceiro reboot da franquia por parte da Sony Pictures, finalmente veríamos as aventuras do teioso em um mundo onde os Vingadores estavam por aí, um feito inédito para a trajetória do aracnídeo nas telonas.
Mas mesmo com um feito tão inédito, a parceria entre a Sony Pictures e a Marvel Studios tem suas limitações: se por um lado, os filmes do personagem parecem muito desconexos do MCU (afinal, o único elemento apresentado nesses filmes que foi reutilizado pela Marvel é a compra da torre dos Vingadores), sem uma menção sequer os feitos desses filmes colegiais, a desconexão do personagem diante do resto do Universo Cinematográfico da Marvel é visível. E o fato do personagem estar atrelado ao MCU por uma parceria que pode ser rompida o torna menos um dos protagonistas e mais um mero coadjuvante daquele universo.
No entanto, dado todo esse histórico, vamos para a crítica (com spoilers) de “Homem-Aranha: De Volta ao Lar”
De Volta ao Lar, o novo Homem-Aranha tem suas licenças poéticas
Ninguém pode dizer que as 3 adaptações são versões live action de motion comics, não é verdade? Tanto a versão de Tobey Maguire quanto a de Andrew Garfield tem lá as suas liberdades criativas, as suas licenças poéticas.
Mas no fim, as duas versões representam um ou outro aspecto do personagem com mais expressividade (aquele papo de “fulano é o melhor Peter Parker, sicrano o melhor é o Homem-Aranha” que todo mundo já tá cansado). Porém, a versão de Holland parece trazer todos esses elementos e introduzir em uma repaginada nitidamente mais jovial e tecnológica que as duas versões anteriores.
E sejamos sinceros: é completamente compreensível que o personagem tenha a tecnologia como aliada em seu agitado cotidiano, é um elemento que inclusive funcionou bem no jogo de PlayStation 4. Mas o que incomoda muitos fãs do teioso é a codependência de Parker com a figura de Tony Stark, o que acho compreensível. No fim do dia, o personagem foi o verdadeiro protagonista da Marvel por décadas a fio, o imaginar como um simples padawan de um bilionário não é bem a adaptação que eu mais gostaria de ver.
Embora eu considere isso mais pontual no primeiro filme em comparação ao segundo, ainda incomoda um pouco, sendo talvez o maior ponto negativo de De Volta ao Lar. Mas já falando do homem por trás da máscara: o Peter Parker de Tom Holland esbanja carisma e introduz os elementos que consagraram o fotógrafo por trás do maior herói da história ao longo das décadas.
Vemos um Peter jovem, com as preocupações banais que deveriam existir, com todos os elementos mais pé no chão que deveriam estar presentes. Sem aquele prólogo comum da história de origem do herói em outras estações, aqui vemos um Aranha pós Ben Parker. E sobre isso…
Um Homem-Aranha inconsequente deixa os holofotes para o vilão
O Homem-Aranha cometer cagada não é bem uma novidade, na verdade é bastante comum (principalmente no cinema. Sim, Andrew Garfield, estou falando com você). Porém, o Aranha de Holland parece esquecer o senso de responsabilidade tão aguçado em outras estações do teioso. Mesmo quando o Homem-Aranha erra, ele erra tentando ter um bom senso do que fazer para salvar o máximo de pessoas que puder. Numa tentativa de conter os riscos dos trâmites do Abutre, o personagem assume um risco completamente inconsequente com a vida daqueles que estavam presentes ao redor do local de embate entre o herói e o vilão.
Já falando do Abutre, vemos um dos melhores vilões que o amigo (ou os amigos) da vizinhança já recebeu em versão live-action, Michael Keaton dá um verdadeiro show como Abutre. Com a consequente ligação com Stark, os diálogos entre ele e o potencial genro (sim, o plot do interesse amoroso do teioso ser filha de um de seus supervilões é fantástico) são tão marcantes para mim quanto os diálogos entre Norman Osborn e Parker no filme de 2002 dirigido por Sam Raimi.
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As cenas de ação impressionam, certamente, como em qualquer filme do MCU, mas ver o herói sendo o amigo da vizinhança, muito antes de ser um Vingador, é um dos pontos altos não só de De Volta ao Lar, mas da Trilogia Home como um todo.
Já falando dos interesses amorosos, Liz Allen em sua versão da Marvel Studios apresenta uma personalidade mais amigável que em outros carnavais, onde a personagem já foi uma mera patricinha do ensino médio americano. Já a MJ de Zendaya começa a dar singelos sinais de sua relação com Parker no futuro.
Falando dos coadjuvantes da trama, temos Happy Hogan, Ned Leeds e May Parker de mais importantes, personagens que também trazem bons momentos ao filme, com May Parker tendo menos a aura dos filmes do Sam Raimi e algo mais jovem ao que foi apresentado nos filmes de Marc Webb, uma versão compatível com o Parker de Tom Holland.
Já Ned Leeds é uma boa companhia ao teioso nas telonas, mais animadora que as outras que o personagem teve em encarnações passadas no cinema.
O roteiro não tem muitas reviravoltas se não o plot entre Abutre e Liz Allen, é como se fosse várias aventuras de Parker introduzidas em uma história fechada.
Conclusão: Mesmo com um ou outro problema, o primeiro filme do Homem-Aranha dirigido por Jon Watts trazia um enorme potencial para essa visão do personagem. Com histórias de vizinhança, ligação com os acontecimentos do MCU, boa peça de coadjuvantes e um dos melhores vilões que o personagem já teve, “Homem-Aranha: De Volta ao Lar” traz uma boa dose do retorno do teioso às mãos da Marvel Studios. Um excelente filme do herói em começo de carreira.
Nota: 8/10