E chegamos à season finale de ‘The Book of Boba Fett’. A série do nosso conhecido caçador de recompensas foi de uma narrativa sem coesão à “The Book of Star Wars” muito rápido. O episódio passado trouxe o maior número de participações especiais que a história ali permitia. Porém, o sétimo (e último) capítulo da série de Boba Fett entrega justamente o que ela deveria entregar desde o início: inspirações em western, muita porradaria e uma grande ameaça transvestida em uma história pé no chão.
O texto abaixo contém spoilers.
Ao invés de arquitetar mais participações mirabolantes (que sim, foram legais), o episódio dirigido por Robert Rodriguez segue uma direção esperada: amarra as pouquíssimas pontas soltas da temporada em um apanhado de 1 hora do puro suco da contemporaneidade de Star Wars.
Com a revelação sobre Cad Bane, como esperado, o personagem de ‘Clone Wars’ é o vilão central do enredo, representando então o Sindicato dos Pykes. Enquanto isso, vemos Grogu chegando em Tatooine, revelando o desfecho no ultimato dado por Skywalker sobre Grogu continuar o seu treinamento Jedi ou voltar aos braços de Mando. O bebê Yoda não escolheu outra: voltou a Din Djarin.
Agora falando sobre o embate de Cad Bane e Boba Fett: uma revanche digna de um filme western. Dos diálogos que remetem ao passado de Fett até a mais pura tensão que a sequência propõe, minha única crítica é a dependência compulsiva do momento às animações. É natural que os espectadores que não experienciaram ‘Clone Wars’ tenham dificuldade em assimilar parte do que foi dito sobre um segundo encontro.
Todavia, acho que isso não tira o brilho da sequência, mas deve ser pontuado. A season finale de ‘The Book of Boba Fett’ traz um desfecho amargo aos fãs de Cad Bane: o caçador de recompensas foi assassinado por Fett, justamente após reviver as mortes dos Tusken. E diga-se de passagem: a motivação me parece um tanto superficial para ser o estopim da raiva de um homem tão misterioso.
Mas voltando aos elementos centrais: enquanto a batalha do alto clero de Tatooine ocorre, o Sindicato dos Pykes envia sua tropa de humanos (e máquinas) para tentar estancar a sangria. Com o apoio da população de Vila Livre, que acredita que Cobb Vanth morreu, o time de Boba Fett toma um coro das máquinas de extermínio. Mas ao invés de apelar para alguma aparição, a série utiliza seus próprios recursos para conter a ameaça. Há quem não tenha gostado, mas a sequência de ação me rendeu boas doses de tensão. As ameaças são contidas (incluindo Cad Bane), trazendo também uma sequência de Grogu contendo o monstro aliado de Boba Fett apenas com os dons da Força, dando um gostinho do que deve estar presente na terceira temporada de ‘The Mandalorian’. E Fennec Shand? Faz uma visitinha aos remanescentes do Sindicato dos Pykes, e o povo de Tatooine é livre novamente.
No fim, Boba Fett lidera de forma amistosa aquela população, cortejado como o grande líder que conteve a ameaça, levando mais ao pé da letra aquele seu diálogo onde citava que queria governar pelo respeito e não por medo, diferente de Jabba. Do lado de Din Djarin, no entanto, tudo é muito bem traçado para a terceira temporada de ‘The Mandalorian’: Mando deve navegar por essa galáxia ao lado de Grogu, agora mais bem dotado do uso da Força e com seu compartimento próprio. E o pós-crédito desmistifica o básico do que foi abordado no episódio: Cobb Vanth, apesar dos pesares, está vivo. E faz sentido, um tiro no ombro em ficção não costuma ser o fim de alguém tão gabaritado quanto um xerife de Star Wars.
Conclusão: a season finale de ‘O Livro de Boba Fett’ é satisfatória. Pode deixar alguns espectadores mais alheios às animações mais confusos, mas a sequência de uma hora é um belo show para qualquer fã de Star Wars, além de estabelecer coisas muitos legais para a próxima temporada de ‘The Mandalorian’. Era o que eu queria com a série desde o início, mas ir com expectativas de grandes aparições pode frustrar o espectador.
Nota: 8/10
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