Matrix Resurrections | Crítica

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”De volta à Matrix”. A frase de um dos trailers definiu esse conceito meio abstrato e coeso ao mesmo tempo: o retorno da franquia Matrix. Entre trancos e barrancos, as irmãs Wachowski entregaram uma história com início, meio e fim entre ‘Matrix’, ‘Matrix Reloaded’ e ‘Matrix Revolutions’. Portanto, quando a Warner confirmou estar trabalhando em ‘Matrix Resurrections’, diversas dúvidas ficaram no ar. Quem volta? Como continuar uma história com um fim tão definido como a de Matrix? 

Claro, não é como se tudo isso não tivesse uma resposta, afinal tem. Mas como os acontecimentos iam se desdobrar? Essa era a grande dúvida que a gente tinha. E bem, agora que o filme chega ao HBO Max em países latino-americanos, é hora de conversar sobre ‘Matrix Resurrections’ (sem spoilers). Vamos lá?

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De volta à Matrix…

Após os acontecimentos de ‘Matrix Revolutions’, Neo e Trinity estão de volta à Matrix. Como isso ocorreu é uma das grandes perguntas que o espectador faz antes de sentar e assistir, mas achei uma explicação satisfatória e pertinentemente ao enredo, diferente de certos blockbusters (Star Wars, eu estou falando com você). 

Na Matrix, é como se Neo e Trinity não tivessem feito nenhum progresso desde os acontecimentos do longa de 1999. Embora uma casualidade do roteiro deixe tudo muito vívido na memória de Neo, existe um pequeno obstáculo que o separa da realidade no primeiro ato do filme. Esse obstáculo inclusive dá ao longa uma chance de autocrítica sem a quebra da quarta parede: é necessário um novo Matrix? A própria existência de Resurrections coloca essa autocrítica em maus lençóis, mas ela é feita de uma maneira tão sucinta e bem pontuada que é brilhantemente destacável o quanto a diretora Lana Wachowski não se esforça em esconder o questionamento sobre a necessidade de um novo Matrix. E isso é genial.

O sentimento de redescoberta com a Matrix é bem dosado, sem parecer uma inércia criativa afundada na nostalgia como muitos retornos de franquias antigas, com a primeira hora sendo um tanto prazerosa. Destaque também para os novos personagens (e os velhos em novas roupagens), em especial para Bugs, o novo Morpheus, Agente Smith e Sati. A nova personagem que guia Neo em seu recomeço com a realidade ao lado de Morpheus dosa a sensatez e a modernização necessária para se discutir Matrix na atualidade. 

O Morpheus de Yahya Abdul-Mateen II não incomoda, mas a saudade da icônica versão de Laurence Fishburne infelizmente diminui a intensidade dos holofotes do personagem aqui. Todavia, não posso dizer o mesmo do novo Agente Smith; Jonathan Groff entrega uma versão ainda mais cínica que a da trilogia. Mesmo que tenha menor importância na trama, seus momentos em tela fazem o espectador esquecer de qualquer outro personagem que está ao seu redor. 

Direção, escolhas de roteiro e o final de Matrix Resurrections

Em minha humilde opinião, a direção de Lana Wachowski está no ponto. Minha maior crítica vai para as sequências de ação, quem sabe. Ok, revolucionar como em 1999 não é uma hipótese em 2021, mas com exceção da primeira sequência de ação, ainda nos primeiros minutos do filme (que envolvem fortemente o fator nostalgia), o novo Matrix entrega um resultado medíocre neste aspecto.

Sobre as escolhas de roteiro, aqui vão os elogios. Da subversão sobre as pílulas vermelhas (até como resposta ao movimento de apropriação desse símbolo da cultura pop por parte da extrema-direita) até as discussões sobre o legado da franquia como um todo, tudo é muito autoral, e eu acho que é isso que torna ‘Matrix Resurrections’ tão fenomenal enquanto sequência. Você legitimamente tem os próprios sentimentos de apego ao casal Neo e Trinity aflorados novamente com algumas escolhas do roteiro, com diálogos genuinamente emocionantes. Porém, de maneira geral, o filme se afasta um pouco das discussões de grande escopo da trilogia original e, em metalinguagem, discute a própria Hollywood como um todo. 

Embora Keanu Reeves possa parecer deslocado em alguns momentos, indo muito além do visual John Wick, tudo é esquecível quando o ator contracena com Carrie-Anne Moss. Falando em destaques de elenco, Neil Patrick Harris também merece ser mencionado, o ator deu um show em atuação em seu papel até então misterioso falando do marketing do filme. 

O final é bastante aberto. Nada, absolutamente nada impede que um quinto filme ocorra, mas pode terminar ali. No fim do dia, a experiência não mancha o legado imenso de Matrix, tampouco entrega um filme avesso ao posicionamento de Wachowski sobre Hollywood. É um recorte refrescante para a indústria de blockbusters, que, curiosamente, afoga mais uma vez um projeto de Lana Wachowski em detrimento de um grande lançamento de propriedade Marvel. 

Conclusão: ‘Matrix Resurrections’ é nobre. Em um recorte profundamente autoral, Lana Wachowski amarra um desfecho surpreendentemente satisfatório para a história de Neo e Trinity, ao mesmo tempo que elabora em metalinguagem uma discussão sobre Hollywood, entrando várias vezes até em um território de autocrítica, o que deixa tudo mais divertido. O longa respeita o legado da trilogia e se permite ser algo diferente ao mesmo tempo.

Nota: 8,5/10

Mas e você, já assistiu o filme? Ainda não? Seja em uma primeira ou segunda vez, ‘Matrix Resurrections’ já está disponível no HBO Max. 

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