Tick, Tick… Boom! | Crítica

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Sendo bastante honesto, musicais nunca foram bem o meu forte, embora tenha assistido Hamilton como toda pessoa de bem. Porém, assistir as trocentas entrevistas de Andrew Garfield sobre ’Tick, Tick..Boom!’ (onde ele falava mais do Homem-Aranha do que do novo filme que está estreando)  me despertou um grande interesse, em especial após ver o trailer.

Chegando no Brasil primeiramente em cinemas selecionados, o filme chegou na Netflix ontem, na sexta-feira (19). Por isso, decidi dar uma chance e aqui trago a crítica do Drop Cultura de ‘Tick, Tick… Boom!’. Vamos lá?

boom

Primeiramente, destaco que a crítica abaixo não possui spoilers, portanto sinta-se à vontade para conhecer a obra por aqui! 

Antes de tudo, um detalhe interessante que eu até esqueci assistindo o filme: ele é do gênero biográfico. E antes que você coloque a mão no nariz, ele é totalmente diferente daquele padrão (já desgastado ao meu ver) que Hollywood criou na hora de contar a história de qualquer um. O longa dirigido por Lin-Manuel Miranda conta o fim da vida de Jonathan Larson, toda sua jornada criativa até a concretização de seu primeiro musical e os empecilhos que Larson teve no caminho, como a conhecida crise dos 30, bloqueio criativo e a relação de sua arte com aqueles que estão ao seu redor.

O diretor tinha um árduo trabalho pela frente. Afinal, como adaptar para as telonas uma personalidade como Jonathan Larson tendo identidade e ao mesmo tempo respeito com o legado do compositor? Das liberdades criativas até a escalação do elenco, tudo envolvendo esse filme poderia ser a fórmula de um retumbante fracasso. E eu coloquei o verbo no futuro do pretérito para expressar que não passou da possibilidade, o longa é verdadeiramente incrível. 

A recriação de Andrew Garfield não foi elogiada em vão. O ator se entrega ao papel, basta assistir o escasso material que se pode encontrar de Jonathan Larson na internet para comparar e ver o quanto dos trejeitos (e da mente caótica) Garfield conseguiu emular aqui, ao mesmo tempo em que o ator deixa sua assinatura (que deve lhe render pelo menos uma indicação no Oscar, conforme alguns críticos prevêem). 

O ator inclusive demonstra seu lado musical, um lado de sua versatilidade que não foi visto antes, ao menos nas telonas. Aliás, falando dos momentos musicais (afinal, estamos falando de um longa dirigido por uma estrela de ‘Hamilton’), o filme traz uma dose de muito bom grado, em especial pela riqueza do material fonte. Mas mesmo abordando a vida do homem por trás de ‘Rent’, o filme não se limita em discutir apenas música; ele fala sobre crises de meia idade, sobre solidão, até sobre a visão da AIDS nos anos 90.

Do que observei, o filme discute e discute bem tudo que se propõe a abordar. Utilizando os personagens como licenças poéticas, o longa aborda temas delicados como os citados acima com muita responsabilidade e respeito, tudo com muita maturidade e naturalidade. 

Além disso, gostei muito de como ele trata temas como o risco de se viver de arte (uma das pautas principais) e as projeções etárias impostas sobre nós mesmos. Afinal, que atire a primeira pedra quem nunca reavaliou seus próprios feitos. Mas voltando ao elenco, vale o destaque para Vanessa Hudgens, a estrela de ‘High School Musical’ brilhou mesmo com pouco tempo de tela.

Já falando da direção e todos os elementos citados, reitero como Miranda fez um bom trabalho em cadenciar o ritmo, algo que sua experiência com musicais se traduziu de forma satisfatória na cadeira de direção. Se existe o conceito de uma experiência redonda para um filme, esse conceito certamente se aplica para ‘Tick, Tick… Boom!’.

Embora haja um ceticismo natural da academia com produções de streaming, acredito que ‘Tick, Tick… Boom!’ tenha sim potencial para angariar algumas indicações, em especial por ter sido exibido em algumas salas de cinema ao redor do mundo, por tratar de indústria (mesmo que não necessariamente cinematográfica) e pela sensibilidade. Fica a torcida por Andrew Garfield no prêmio da academia, o ator deu um verdadeiro show e mostrou (mais uma vez) sua versatilidade quando se fala de cinema.

Conclusão: Com um comprometimento e respeito ao legado de Jonathan Larson, uma direção muito próxima de ser 100% redonda, uma atuação impecável por parte de Andrew Garfield e uma responsabilidade e sensibilidade sem tamanho na hora de abordar temas mais sérios, ‘Tick, Tick… Boom!’ é a execução tocante e bem sucedida que o cinema não traz todo dia. 

Nota: 9/10

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