007 – Sem Tempo Para Morrer | Crítica

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Há 15 anos atrás, falar que Daniel Craig teria um dia o mesmo nível de prestígio de Sean Connery por parte do fandom de 007 seria não só maluquice, mas os fãs mais fervorosos veriam como uma ofensa. Cá estamos em 2021, com a estreia de “Sem Tempo Para Morrer” marcando a despedida de Craig do papel de James Bond com muito prestígio.

Hoje, o Drop Cultura traz a crítica de “007 – Sem Tempo Para Morrer”, a primeira despedida planejada de um ator do papel de James Bond. Lembrando que o texto abaixo não contém spoilers. Dito isso, vamos lá!

Mais James, menos Bond!

Se tem uma coisa que esse filme conseguiu captar mais do 007 de Craig, certamente é o seu sentimentalismo e sua sensibilidade sob aquela aparência típica do Bond. Esse seu diferencial foi por muitas vezes questionado pelos fãs mais puristas, um 007 que se machuca (em todos os sentidos, psicologicamente e fisicamente), que é toscamente viril. Aliás, os temas de seus filmes trazem isso muito bem (incluindo a canção “No Time to Die”, tema do longa cantado pela popstar Billie Eilish).

Esse lado de James Bond é pra lá de explorado em “Sem Tempo Para Morrer”, desde seu início. E no meu ver, a despedida do 007 de Craig das telonas é muito mais sobre essa faceta de James Bond, a sua machucada humanidade. Após os acontecimentos de “007 – Contra Spectre”, o então agente do MI6 abandona seu posto de 007 para viver uma pacata vida na Jamaica. Mas, novamente, alguém precisa de 007, agora para investigar o desaparecimento de Valdo Obruchev, um importante cientista.

O que se descobre, no entanto, é que o que era inicialmente um um simples desaparecimento de uma figura evidente envolve também os destinos da humanidade com uma doença que pode matar por contato (irônico considerando o momento que a gente vive, né?). Então, Bond embarca na aventura de descobrir não só quem é o responsável, mas também para interromper algo que pode acabar com o mundo que ele conhece.

Mas indo por partes: na minha opinião, a atuação de Craig aqui é pra lá de favorecida, talvez a melhor dos seus 5 longas enquanto 007, muito por um roteiro que favorece esse destaque. As cenas de ação também impressionam, como de costume, embora falte um momento alto contracenando com o principal vilão como tivemos em Operação Skyfall (ou até em, pasmem, Contra Spectre), aqui interpretado por Rami Malek.

Aliás, vamos falar do personagem vivido pelo ator de “Bohemian Rhapsody”. Malek faz um vilão típico de James Bond, um nível de tirania característico da década de 60, mas sem um roteiro bem escrito que trabalhe essas características. No fim, o “mal por ser mal” de Malek não funciona exclusivamente por isso. Sim, ele tem sua motivação, mas não é nada proporcional ao estrago que poderia ter gerado, é uma comparação irreal e injustificada pelo roteiro do longa. Não é nenhum Silva, de longe.

No entanto, toda sua conexão com Bond (e principalmente Madeleine) faz muito sentido. Aliás, falando das Bond girls, eu diria que o filme traz uma boa dose. Irei abordar cada uma individualmente, mas quem é favorecida pelo roteiro dado os acontecimentos do filme anterior é curiosamente a que tem a mesma química que o agente teria com uma porta. Os momentos finais do filme entre Swann e Bond são sim bacanas, mas a personagem permanece com uma química difícil de engolir, desde “Contra Spectre”.

No entanto, as outras 2 personagens que brilham como potenciais pares do agente (vale lembrar, nem sempre no sentido mais literal de par romântico) são a nova 007, interpretada por Lashana Lynch, mas também a nova agente treinada por 3 semanas, Paloma, aqui vivida pela atriz (latino-americana, mais especificamente cubana, vale o destaque) Ana de Armas.

Vamos ao elefante no meio da sala: Sem Tempo Para Morrer não traz quaisquer indícios de que Nomi, a nova 007, tenha vindo para ficar. A personagem com certeza tem presença, mas tá mais para coadjuvante que para protagonista. No entanto, o material divulgado do filme até então foi o suficiente para deixar o nerd que se espelha no 007 do Sean Connery (aquele que tenta estuprar uma das Bond girls) possesso com a tal lacração. Calma, de longe a personagem não ameaça o trono de James Bond nos cinemas.

Leiam Também: 007 – As melhores curiosidades!

Agora falando da personagem de Caras; embora tenha só “3 semanas de treinamento”, a Bond girl (ou, como a atriz prefere, “Bond women”) brilha e deixa um gostinho de quero mais, como é de costume das melhores coadjuvantes que também atuam como potenciais pares românticos de James Bond (mas, nesse caso, a personagem sai totalmente da sombra do clássico 007 e dá um show, uma pena que seu tempo de tela foi tão curto).

Sobre a batalha final… não é “Operação Skyfall”, muito menos “Casino Royale”. Todavia, a sequência como um todo é uma homenagem necessária ao ator Daniel Craig, fechando a história de sua versão de James Bond em uma despedida oportuna como nenhum outro 007 teve antes. Por fim, posso dizer que gostei mais da versão do Blofeld de Christopher Waltz aqui do que no filme em que o ator atua como vilão principal.

Conclusão: Embora “Operação Skyfall” ainda seja meu favorito, eu diria que “Sem Tempo Para Morrer” empata com “Casino Royale” em seus momentos memoráveis, pessoalmente. Daniel Craig encerra sua trajetória na franquia 007 em grande estilo, fazendo-nos refletir qual será o legado do ator para a franquia daqui 10 ou 20 anos. O que posso dizer é que nesses 15, entre altos e baixos, o ator encarou uma versão humana e necessariamente modernizada de 007, ao ponto de transformar as problemáticas características do personagem em algo propositalmente tosco.

Nota: 8/10.

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