Liga da Justiça de Zack Snyder (Snyder Cut) | Crítica

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Snyder Cut. Já citamos algumas vezes o que foi esse fenômeno, mas em um resumo simples e objetivo: esse lançamento é a realização pessoal do diretor, que teve a sua visão original comprometida de várias formas, seja por alterações de Joss Whedon ou partes não-finalizadas após o afastamento de Zack Snyder da direção na época.  É uma vitória tremenda dos fãs e do próprio Snyder que esse corte sequer tenha sido lançado, mas agora que ele está entre nós…confira a nossa crítica (sem spoilers) da Liga da Justiça de Zack Snyder!

O que difere o Snyder Cut do corte original?

Antes de fazer essa crítica, a minha ideia era abordar esse filme de uma maneira menos dependente da versão original de 2017, mas a comparação é o elefante no meio da sala e sinto que deve ser o primeiro tópico abordado. Se você se pergunta se o filme conta outra história em Liga da Justiça de Zack Snyder, a minha resposta é…não, principalmente na primeira parte do filme. Claro, em comparação a versão de 2017 é outra forma de contar a história, bem menos apressada e mais comprometida em entregar arcos com motivações. 

Se o filme original se comprometia com arcos apressados de introdução de personagens como Flash ou Ciborgue para um filme de 2 horas junto com um crossover ok, o Snyder Cut se compromete em entregar uma experiência mais balanceada, contando a mesma história com muito mais contexto. Contexto é, aliás, algo que não falta nesse filme. É nítido o esforço do diretor em clarificar as relações, acontecimentos e motivações de toda a trama, seja explicando o funcionamento das Caixas Maternas, a existência do Darkseid ou até contextualizando o passado de Ciborgue. O longa deixa tudo muito claro, seja para o telespectador ou para os personagens envolvidos na trama.

A experiência narrativa também sofre um incremento, apresentando não só uma contextualização, mas também uma carga emocional para as decisões de Ciborgue. A forma que o passado com seu pai (Silas Stone) é abordado é tocante, trazendo um sentimentalismo mais humano e bem menos raso que a versão de 2017, mostrando quase que uma sabotagem com o herói na versão de Joss Whedon. O Flash de Ezra Miller, todavia, já era de grande importância na primeira versão, mas no meu ver teve sua versão definitiva no Snyder Cut. A forma em que o personagem foi abordado no corte original, quase que um Peter Parker do UCM de baixo custo, era realmente incomoda no meu ver, quebrando o clima com um alívio cômico ao nível galhofa de Thor: Ragnarok.

Outro ponto importante da trama é a forma que o luto da morte do Superman é lidado por Lois, mostrando ainda mais a reação da esposa de Clark sobre a morte do marido. Tudo sobre Lois é muito orgânico, muito introspectivo, sobre o luto mesmo. Suas cenas com Clark e “Martha” descrevem um pouco daquela melancolia de ser confrontada com essa morte todo dia, seja entre si ou com as homenagens ao Superman. A ressureição do herói é feita de forma concisa, sem a pressa aparente do corte de 2017. O filme, dividido em 6 partes, explora muito bem o choque de Superman voltando a vida e entendendo o propósito de sua presença ao mundo novamente, de maneira mais humana e menos repentina que a versão de 2017. É no mínimo interessante como o corte de Snyder explora Flash tentando acertar o tempo entre dar a energia necessária para a Caixa Materna no exato momento em que entra em contato com o corpo de Superman, voltando no tempo em alusão a possibilidade de falhas por parte do herói mais rápido do Snyderverso.

O Aquaman pra mim é quem mais se mantém semelhante ao original além do Batman, continua o mesmo cético porém incisivo da Liga. Mulher Maravilha carrega alguns elementos interessantes, principalmente no embate com o Lobo da Estepe. Sua origem com as Amazonas (que nessa versão estão mais para Sparta de saias) torna-a ainda mais vingativa, tanto pelo embate psicológico de Diana quanto pelo físico. A personagem também se encontra notoriamente menos sexualizada, ponto pra lá de positivo se considerar a versão original.

Acho bacana falar das Caixas Misteriosas, do Lobo da Estepe e do Darkseid também. A relação entre o Lobo da Estepe e as demais cúpulas de maior alto-escalão daquela tirania é constituída da maneira mais lambe-botas possível, bem no estilo de Darth Vader e o Imperador Palpatine em Império Contra-Ataca. Relação visual que deve ser elogiada no CG também, que dá um belo show se comparado com a versão original (feita em 2 semanas, diga-se de passagem) do longa. A forma que a computação gráfica demonstra um Lobo da Estepe mais retraído diante de quem o mesmo se curva em comparação a posição de autoridade na hora do embate é com certeza algo elogiável. O Darkseid é extremamente explorado em diálogos, mas sua aparição mesmo é contida para um momento pra lá de épico no final. As Caixas Misteriosas deixam de ser um artefato simples de ser surrupeado e até elas tem um desenvolvimento mais sólido em comparação ao filme dirigido por Whedon,.

Final e epílogo

A pseudo-guinada que o filme tem em seu embate final é talvez o que mais diferencie-o do filme de 2017. Temos uma versão melhor trabalhada, de rumos levemente alterados e com figuras mais ambiciosas no universo da DC. A motivação de Ciborgue, as habilidades de Flash, o retorno de Superman (e a existência do Batman, que pouco abordei na análise por ser tão semelhante ao original quanto Aquaman), o ódio da Mulher-Maravilha e o arco evolutivo de Flash. Tudo isso em uma parte de aproximadamente 1 hora, nada frustrante como a versão de 2017, super bem-amarrado.

O epílogo é quase que uma cena pós-créditos, trazendo um fanservice que dentro da história fechada soa irrelevante, mas é um elemento de narrativa bacana pra um eventual Snyderverso. Um futuro distópico como aquele apresentado é de balançar qualquer um (e caso você tenha assistido, principalmente um), com a chave de tudo estando morta. A sequência de Coringa, novamente interpretado por Jared Leto, traz questionamentos intrusivos no que se diz às motivações do homem morcego. A inclusão do ator no papel, apesar de polêmica por casos passados como Esquadrão Suicida, mostra um potencial enorme, respondendo a pergunta de como seria um Coringa de Leto bem dirigido, no primeiro embate com Batman (primeiro psicológico, que é o verdadeiro embate entre a dupla). A segunda sequência, que também finaliza o filme, traz brechas que traçam o caminho de uma possível continuação da visão de Snyder para o cinema, tornando o Snyder Cut aquela experiência que o faz ser a porta de entrada para um eventual Snyderverso.

Conclusão: A Liga da Justiça de Zack Snyder nada mais é do que a mesma história da primeira versão contada de um jeito diferente. Todos os elementos de direção do Snyder estão ali em forma definitivam seja 300 ou Watchmen. O novo corte desenvolveu e deu mais espaço pra quem precisava, filtrou em remover ou alterar as cenas do original em um tom bastante sensato. As adições recentes (e não o material originalmente descartado) são muito menos elemnto narrativo e muito mais um “obrigado” do diretor aos fãs, que tornaram isso possível com movimentos como #ReleaseTheSnyderCut. Daqui 10, 20, 30 anos, essa será a versão que a história dos cinemas de herói conhecerá como Liga da Justiça.

Nota: 7,5/10.

Liga da Justiça de Zack Snyder está disponível nas principais plataformas de locação online de filmes até dia 7 de abril, voltando ao Brasil somente em junho, no catálogo do HBO Max.

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