Star Wars: The Clone Wars – Análise da última temporada

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Esta análise de Star Wars: The Clone Wars contém spoilers.

Star Wars. Ah, Star Wars… com tantos filmes, tantos livros, tantos games, um novo período instaurado nos anos 2000 com a trilogia Prequel tinha uma lacuna de nuances entre os episódios II e III, principalmente com os cavaleiros jedi Obi-Wan Kenobi e Anakin Skywalker, mas também com a guerra entre a República e os Separatistas, a consolidação e relação do Conselho Jedi com Anakin Skywalker e diversos outros elementos posteriormente preenchidos. Porém, em 2008, um simples filme de animação da Lucasfilm entre estes episódios abordariam uma simples missão na presença de Kenobi e seu aprendiz Skywalker, também contando com novos personagens, como a nova padawan de Anakin, Ahsoka Tano. O filme se chamava “Star Wars: The Clone Wars”, mas diferente da consolidação da série que veio posteriormente e caiu no gosto da crítica (e do público), o filme foi um fiasco de crítica na época.

Personagens consolidados criticados em seu arco de desenvolvimento, personagens novos (como a Padawan Tano) foram massacrados pela crítica, descrevendo a personagem como “tentativa de empurrar a inclusão de uma personagem feminina de forte personalidade, mas sendo apenas uma adolescente birrenta no fim das contas”. 6 anos depois, com o encerramento da série que desenvolveria a personagem como ninguém, a mesma crítica se despediu com pesar de um dos melhores produtos Star Wars recentemente feitos até então, sendo também um dos últimos projetos com o dedo do criador da saga, George Lucas, que veio a vender sua produtora em 2012 para a Disney.

Com um final conciso, mas não esperado (já que a série não foi finalizada, mas sim cancelada), Clone Wars se tornou uma das diversas produções de apelo por parte dos fãs para uma continuidade do que já havia sido cancelado anteriormente, mas junto com poucos desejos como um Snyder Cut de Liga da Justiça, a prece dos fãs foi ouvida e em 2018, durante a Comic-Con de San Diego, Davi Filoni anunciou no painel de 10 anos da saudosa série das Guerras Clônicas que ela iria voltar no então sem nome Disney+. A espera acabou ainda em 2019 lá fora, com o último episódio sendo transmitido em maio de 2020 por lá. Mas no Brasil, o 12° (e último) episódio da nova temporada de Clone Wars chegou ao Disney+, por isso, hoje nós iremos analisar o fim das aventuras animadas de Anakin Skywalker, Obi-Wan Kenobi, Ahsoka Tano e o comandante Rex.

A nova temporada possui 12 episódios e é dividido em 3 arcos – o arco dos “Bad Batch” (Mal-Feitos, em tradução livre), que explora um pouco da despedida dos Clones na série com a volta de Clones clássicos como Rex ou Echo envolvendo uma missão comandada pelo General Skywalker em Anaxes, mas também a introdução dos novos Clones “Mal-Feitos” (que dão nome ao arco e inclusive tiveram um spin-off anunciado durante o Investor Day 2020 da Disney).

O segundo arco, “Ahsoka’s Walkabout” (A Caminhada de Ahsoka, em tradução livre), explora os acontecimentos após a saída da então Padawan Tano da Ordem Jedi, nos levando aos subúrbios de Coruscant e nos levando a conhecer as novas parceiras de jornada de Ahsoka: Trace e Rafa Martez. O arco de Ahsoka também serve como conexão para o terceiro (e último) arco da nova temporada: “The Siege of Mandalore” (O Cerco de Mandalore, em tradução livre) aborda a negociação da parceria de Ahsoka com a Mandaloriana Bo-Katan com a República e o Conselho Jedi (consequentemente abordando o re-encontro de Ahsoka com Obi-Wan e Anakin após a saída da mesma do Conselho Jedi) para destruir o verdadeiro governador de Mandalore, o Lord Sith Maul, com todo esse arco se passando em paralelo aos acontecimentos do Episódio III da Saga Skywalker, “A Vingança dos Sith”.

Começando pelo arco de “Bad Batch” – achei uma despedida necessária para os Clones na série. Claro, além da guerra levar o nome deles, Clone Wars serviu como uma obra que pegou os elementos apresentados em “Ataque dos Clones” e os humanizou para o público. Clones deixam de virar meros soldados e possuem seus dilemas, suas cargas de emoção, suas honras. Como disse o próprio Rex, “a Guerra é ambígua para os Clones. Ao mesmo tempo que queremos que ela acabe, ela é a única razão pela qual existimos”.

Mas falando dos episódios em si, o primeiro aborda a entrada da Força Clone 99 (ou também os conhecidos “Bad Batch”) para uma missão. Diria que o desenvolvimento desses personagens foi bacana! Inclusive um desses Clones me lembrou muito o Solid Snake da franquia “Metal Gear”, que em sua adaptação live-action terá Osar Isaac, o Poe Demeron da nova trilogia Star Wars da Disney, coincidentemente. Mas acho que dá pra se apegar e acredito que o spin-off dos mesmos explore melhor isso. A reviravolta com o retorno do clone Echo até então dado como morto apesar de ser algo surpreendente para a trama não me chocou muito, mas toda a dúvida acerca da possibilidade de Echo servir aos Separatistas (principalmente com um tanto de decisões arriscadas e que requisitavam confiança ao Clone) intriga bastante o espectador. No fim, temos uma boa despedida de Echo e Rex, já que Echo se junta aos Bad Batch. Bons episódios,mas nada surpreendente épico.

Agora falando do arco “Ahsoka’s Walkabout”, eu diria que foi a parte mais fraca da temporada. Acredito que quem viu o arco da saída da Ahsoka da Ordem Jedi de fato se questionava o rumo dela na época. Mas nesse meio-tempo, veio Rebels, para os assinantes do Disney+ no Brasil veio até The Mandalorian antes, então é natural que a curiosidade sobre aquele tempo tenha diminuído um pouco para os fãs, mas tá lá. Pareceu realmente o que se chama nos animes de “episódios filler”, os tais episódios “pra encher linguiça” presente em produções de formato de estreia semanal. É bacana ao apresentar um outro ponto de vista sobre os Jedi relatados por Rafa e Trace Martez à Ahsoka (personagens essas que aliás só acrescentam isso, não há personalidades mais “ok” que elas introduzidas anteriormente nesta temporada e quiçá na série inteira), que naquela época ainda tinha muito do sentimentalismo “bem e mal” onde os Jedi se encontram como os bons moços, mas o que salva um pouco mesmo é a ligação com a Mandaloriana Bo-Katan e as cenas de ação.

E por fim, chegamos ao arco final: “The Siege of Mandalore” é um arco de continuidade direta ao arco da ex-Padawan Tano, mas agora com a negociata mirando em destruir Maul (e consequentemente libertando o povo de Mandalore) com auxílio da República e da Ordem Jedi, quebrando um tratado de 100 anos sobre o envolvimento dos mesmos com terras mandalorianas. Temos também o re-encontro de Ahsoka Tano com seu velho mestre Anakin Skywalker e Obi-Wan Kenobi após a saída da ex-Padawan da Ordem Jedi, sendo o último encontro de Ahsoka com Obi-Wan (por enquanto) no cânone e o último com Anakin antes de tornar-se Darth Vader.

A luta em Mandalore é uma sequência de ação bem Guerra nas Estrelas, mas o encontro de Maul com Ahsoka também é de se tirar o chapéu, já que é o primeiro encontro entre os dois em ordem cronológica na história (ainda que se encontrem posteriormente em Rebels, que foi lançada anos antes desta temporada de Clone Wars). Maul e Ahsoka travam uma batalha pra lá de épica, com uma fotografia que dá um verdadeiro show. Sem contar, claro, os paralelos com “A Vingança dos Sith”, seja na ida urgente a Coruscaint graças ao sequestro do Chanceler Palpatine, mas também ao saber da morte de Conde Dookan e posteriormente, de forma marcante, a execução da Ordem 66 (ordem que tinha como objetivo eliminar qualquer um que não tivesse de acordo com os ideais do Império Galáctico, em especial os Jedi), tudo na visão de Ahsoka e Rex.

A sequência final, com Ahsoka e Rex tentando escapar após Ahsoka tirar o chip inibidor que faria Rex executar a ordem 66 com ela é de uma adrenalina absurda (ainda que pudesse ser maior se não soubéssemos que ela estava viva dado a presença dela em Rebels, que se passa aproximadamente 15 anos depois), principalmente com Rex tentando convencer o Clone Jesse a não executar Ahsoka. Maul, que havia sido capturado pelos Mandalorianos, foge, mas Ahsoka e Rex também tentam (e conseguem) após falharem em convencer os Clones de que não eram uma ameaça ao Império Galáctico.

Terminamos a parte de Ahsoka e Rex com a queda de suas naves em um planeta nevoso até então desconhecido, com a queda da nave (e morte) dos Clones que perseguiam Rex e Tano. Ahsoka abandona seus sabres de luz e ambos homenageiam os Clones fincando seus capacetes com galhos de madeira, um ato simbólico e onde a fotografia da série brilha ao focar no capacete de Rex, que possuía o símbolo da República e simbolizava exatamente o que ela tinha se tornado: assim como aqueles Clones, morta. E para encerrar com chave de ouro, ninguém menos que Darth Vader aterriza naquele planeta, encontra os sabres de Ahsoka (dando a entender que ela estaria morta) e da forma mais sentimental possível, leva-os com ele. E após tudo isso, Clone Wars chega ao seu final.

Pode-se dizer que a aparição de Vader no final foi um fanservice absurdo? Pode. Pode-se dizer que não faz sentido em todo o contexto do episódio e da série? Na minha opinião, não. Para tudo que esse final significa, foi de um simbolismo absurdo, uma despedida digna, que só prova o quanto Clone Wars é um produto Star Wars de qualidade incomparável como um todo, final de grande homenagem aos fãs.

Veredito final: O final de Clone Wars pode ter jogado seguro pra muita gente, mas no meu ver jogou seguro, mas jogou muito bem! A homenagem aos Clones no primeiro arco, a descoberta com a Ahsoka (que de fato poderia ter sido melhor) no segundo e a curiosidade sobre a visão de Rex e Ahsoka Tano sobre os acontecimentos pré e pós ascensão do Império Galáctico no terceiro (e melhor ato) sintetizam precisamente o que Clone Wars sempre foi: pode não acertar em 100% dos episódios, mas quando acerta, meu amigo…acerta muito! Que homenagem, que homenagem. Um produto Star Wars e um feito na franquia difícil de repetir, o fim de uma era Star Wars bem retratado, algo aparentemente difícil de acontecer na saga recentemente (sim, Ascensão Skywalker, estou falando com você).

Nota: 9/10.

Leia também: The Mandalorian S2 – Análise dos episódios 1, 2 e 3!

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