Na penúltima sexta-feira (30), estreou-se mundo à fora a segunda temporada de The Mandalorian, o faroeste espacial baseado no universo expandido de Star Wars. A série provou-se a quê veio em sua primeira temporada, mas afinal: Os 3 primeiros episódios da nova temporada disponível no Disney+ em formato de lançamento semanal mantém os aspectos que mais consagraram os 8 primeiros episódios deste produto exclusivo do Disney+? É sobre isso que eu vim falar hoje!
Apesar desta análise abranger os 3 primeiros episódios, a ênfase nos episódios 1/9 e 3/11 são mais evidentes, visto a importância visceral que o primeiro e terceiro episódio tem para o que vem à seguir na trama da série, com o 2° episódio sendo muito mais um conhecido “filler” (isto é, um episódio que não acrescenta muito para a trama, feito para não existir pausas na periodicidade de lançamentos de episódios). Vale lembrar que esta análise está repleta de spoilers, por isso é fortemente recomendado que você já tenha visto estes episódios (de alguma forma), mas se você é o corajoso de não ligar para spoilers, leia por sua conta e risco. Avisos dados, vamos ao review!
Boba Fett?
A estreia da nova temporada começou no maior estilo faroeste espacial que uma série como The Mandalorian pode proporcionar: no calculismo de tempo e no combate em grande estilo.
Após isso, voltamos ao gancho deixado na primeira temporada do objetivo da jornada do mandaloriano: levar Baby Yoda aos jedi, começando pela procura de outros mandalorianos que possam-o guiar da forma correta a um jedi. Eu diria que os destaques de acontecimentos na série devem-se ao retorno da armadura de um mandaloriano conhecido dos fãs da Saga Skywalker nos cinemas, o ilustre Boba Fett. E no maior estilo Rian Johnson de subversão de expectativas, descobrimos que apesar da armadura, aquele não era Boba Fett, mas sim o xerife Cobb Venth, da cidade de Mos Pelgo, em Tatooine.
O herói mandaloriano entra em uma aventura com o xerife, tudo em virtude da honra mandaloriana de preservar a armadura induzida como propriedade do conhecido Boba Fett. Acredito que um elogio deve ser feito a Favreau como diretor do primeiro episódio é a construção dos personagens, que é pra lá de sólida e gera a expectativa na medida certa. Eu diria que esse é o primeiro episódio que flerta diretamente com a trilogia original de Guerra nas Estrelas.
O jogo de câmeras, a construção de personagens, o contexto das histórias do passado dos personagens, tudo faz uma alusão pra lá de bem-vinda àqueles filmes que fizerem todo esse universo expandido existir. Nisso, a segunda temporada até aqui explora bastante uma área em cinza pra lá de perigosa, a área de correlação com a Saga Skywalker. Um envolvimento direto com os filmes não é necessariamente um problema, mas raros foram os derivados dos filmes de Star Wars que deram certo. Por isso, eu diria que a apesar de bastante arriscado, essa conexão com os filmes mais recente nos 3 primeiros episódios da segunda temporada da série foram competentes e merecem ser elogiados. Desenvolverei meus pitacos sobre cada um dos pontos de referência analisando cada um dos episódios individualmente. Mas voltando…
Um aspecto a ser tocado é como a estreia da nova temporada aborda os protagonistas Mando e Baby Yoda, visto que ambos carregavam uma identidade bem específica, seja nos diálogos ou na própria estética e construção dos personagens. Uma mudança notável é de como Dim (ou Mando) está muito mais presente em diálogos. Não sei de quem foi a escolha, mas o mandaloriano abandonou um pouco da sua filosofia quieta e objectiva para algo mais sarcástico, consideravelmente mais participativo em diálogos, o que achei extremamente positivo tanto para a trama quanto para nós como público, que queremos de alguma forma entender melhor as motivações do personagem em paralelo ao desenrolar da história.
E além dos protagonistas, todo o resto se desenvolve muito bem. Facilmente entendemos as motivações do xerife com toda aquela situação, onde a armadura mandaloriana serve como uma figura de autoridade na visão do mesmo. A missão “principal” do episódio é restaurar a paz do povo de Mos Pelgo, perdida pela presença de um dragão Krayt. Todo o primeiro episódio gira em torno da missão de eliminar a presença do dragão pela região, gerando inclusive um pacto entre o povo de Mas Pelgo e o povo da areia, que tinham um relacionamento ao menos turbulento no passado. A missão de eliminar o dragão é bem sucedida, gerando um término de missão bastante amigável entre Mando e o xerife.
Porém, a última cena do episódio traz ao público um homem misterioso, rumorado como Boba Fett. Fato é: o misterioso personagem é interpretado pelo ator Temuera Morrison, conhecido por seu papel de Jango Fett (pai de Boba Fett) em “Star Wars: Ataque dos Clones”, de 2002. Com isso em mente, uma participação do ator na série como uma versão mais velha de Boba é extremamente palpável, um enigma que deve ser abordado no decorrer da série, já que foi deixado de lado nos episódios 2 e 3. Excelente episódio de estreia.
Agora falando do 2° episódio da 2° temporada (ou 10° capítulo da série), o episódio em si é objetivamente mais morno que o primeiro. A missão em busca de traçar um caminho para Baby Yoda permanece, porém a jornada mandaloriana encontra mais um empecilho, fazendo o episódio virar quase que uma cobertura de uma viagem em táxi espacial (enfâse no quase, já que temos alguns problemas no meio do caminho).
Apesar de aranhas serem um grande destaque do episódio, o verdadeiro destaque para mim fica por conta da aparição das X-Wing da Nova República, que referencia a trilogia original, ao mesmo tempo que mostra como o novo sistema tenta se adaptar ao vácuo de poder deixado pela queda do Império Galáctico. A mãe-sapo introduzida neste episódio também é um grande destaque, dado a determinação da personagem que deve ser mais explorada em sua relação com Mando ao decorrer da temporada. Mas vamos ao episódio 3.
A Herdeira.
O episódio 3 dá continuidade à procura do mandaloriano por outros mandalorianos, mas dessa vez a subversão de expectativas é pra lá de diferente do conceito Rian Johnson. Este episódio marca 2 conceitos novos, tanto para a série em si quanto para o universo de Star Wars: pela primeira vez, temos a aparição em live-action de Bo-Katan Kryze, a mandaloriana presente em Clone Wars e Rebels. A aparição da personagem foi uma surpresa pra lá de bem-vinda, representando muito a essência da mesma nas animações, uma vitória super válida dentro do universo expandido de Star Wars, que pode trazer outras adaptações de personagens que até então eram exclusivos de animações no futuro.
A dinâmica de Dim com outros mandalorianos (com outras filosofias, ainda que da mesma “espécie”) é muito bem explorada, com potencial de ser abordada novamente eventualmente. Entretanto, o episódio também aborda um ataque direto dos mandalorianos com uma nave do que restou do Império, algo até então nunca antes visto em The Mandalorian. Os corredores de naves imperiais tão conhecidos por fãs da Saga Skywalker estavam ali na nossa frente, junto com um personagem que renasceu uma franquia tão querida quanto Star Wars, isso foi verdadeiramente incrível.
E no fim, temos um gancho incrível para o 4° episódio: a procura de Mando por Ahsoka Tano. Sim, a aprendiz de Anakin Skywalker deverá estar presente nesta temporada de The Mandalorian. Vale lembrar que apesar da aparição da voz de Ahsoka em Ascensão Skywalker, ela de fato nunca teve uma aparição em live-action na saga Star Wars. Com a volta de Clone Wars para uma temporada final exclusiva do Disney+, não haveria lugar melhor para uma estreia em live-action de Ahsoka se não The Mandalorian. A expectativa dos fãs para o próximo episódio já se encontra nas alturas (eu incluso). Desses 3 primeiros episódios, todos os elementos do 3° episódio (dirigido por Bryce Dallas Howard) fazem dele o melhor para mim e para grande parte do público. A expectativa é que o 4° episódio possa suprir toda essa ansiedade, amarrando as pontas do último episódio de forma coerente, como de praxe falando de The Mandalorian.
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The Mandalorian é uma série exclusiva do serviço Disney+, que já está disponível no Brasil.